quarta-feira, 23 de novembro de 2011

imaginárias dores compartilhadas...



Primeira dor, superada [?]:

"Você não telefona,  não escreve...  ou fala com ela. Acabou. Se você sabe que ela está  numa festa ou bar...  você não vai.  Levei cerca de um ano.  Os sortudos superam  em duas semanas, dois meses,  dois dias...  Toda vez que eu a via,  ficava imaginando.  Tive cãibras  e ciúmes do seu novo namorado.  Mas não. Superei.  As folhas do outono caíram... a neve chegou, Natal, e meus primos  com suas namoradas idiotas.  Primavera, verão, outono e...  Eu superei.  Apenas uma lembrança ruim.  Uma lembrança como muitas outras.  Quando penso no que fiz, o dinheiro que eu gastava  para fazê-la me amar...  Penso em tudo isso.  Estou tão envergonhado. Eu começo a... a cantar.  A cantar, porra!  Eu canto na sala,  no chuveiro,  lavando a louça. Eu canto."

Segunda dor, confessada:

"Estou num café esperando por ele e ele está atrasado.  Mas só por um minuto, então não é grave. Assim, a primeira etapa: amar o atraso dele. Isso o torna mais humano... Dá a ele sex appeal. Segunda etapa: verificar minha agenda.  Você sabe... eu me questiono. Talvez eu tenha errado.  Crio fantasias.  Eu me imagino chegando tarde  em outro café. Então olho onde estou. Estou no lugar certo.  Já se passaram 32 minutos. Etapa três:  Digo a mim mesma  que não me importo em esperar. Me mantenho ocupada, leio. Finjo ler.  A mesma merda do parágrafo. Vou ao banheiro,  faço um pedido. Agora eu o odeio.  Eu o insulto na minha cabeça.  Penso em ofensas que serão  perfeitas para quando ele aparecer. Já se passaram 39 minutos. Ele chega. Sem fôlego.Lindo. O trânsito estava ruim.  Sim.  Então eu o perdôo e digo:  'Claro! Normal se atrasar.' Porque...  porque sou fraca.  Alguém que você coloca num pedestal  está sempre certa. Foda-se. "


(Trechos do filme Les Amours Imaginaires,
de Xavier Dolan)

domingo, 13 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Complexidade # 33



Estou com medo de que os meus últimos sofrimentos estejam me tornando um pouco insensível.
Com medo de estar me tornando frio, como se estivesse decepcionado com qualquer possibilidade de sentir.
Com medo de estar me tornando um tipo de pessoa que eu nunca quis ser.

Ultimamente tenho tido um pouco mais de tempo para pensar nessas dores todas, com um pouco mais de calma, principalmente por elas estarem passando... e é tudo uma anústia muito grande, porque, enquanto vou tomando real consciência das coisas, pareço ir sendo invadido pela sensação de que tudo se trata de uma grande vingança do Tempo, esse cruel senhor dos destinos.

domingo, 30 de outubro de 2011

das tecelãs da minha história...

a teologia popular é aquela que a gente constroi na cozinha da casa...
 
Li o texto que segue hoje cedo - com voz bastante embargada - na missa celebrada por ocasião do Dia Nacional da Juventude (DNJ), em Ponte Nova, Minas Gerais. Para os que não conhecem a festa, trata-se de uma das atividades organizadas anualmente pelas Pastorais da Juventude do Brasil, e que este ano propôs suas reflexões a partir do tema "Juventude e Protagonismo Feminino" e do lema "Jovens Mulheres tecendo relações de vida".

O texto é uma grande memória e uma grande oração, nascida dos sentimentos mais sinceros e profundos deste homem feminista, cristão homossexual (sem nenhuma ambiguidade em nada disto), que tanto aprendeu com as mulheres que o cercaram e cercam, e que, além de ser solidário a elas pela violência que sofrem, se sente também todos os dias violentado pelas opressões decorrentes da desigualdade de gênero.

Publico aqui para outros possam juntar as suas orações à minha, e para que ela fique num registro mais permanente, ainda que sem a carga de emoção e de lágrimas que partilhei com a linda juventude da Região Leste da Arquidiocese de Mariana neste 30 de outubro.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Complexidade # 20


Em abril do ano passado, encerrei um post aqui com a seguinte consideração:

Na costumeira contagem das complexidades do blog, pulei a Complexidade # 20. Na verdade, pretendo deixá-la para o aniversário de 20 anos, que desde já tem me gerado as crises que tanto divido por aqui. Aguardo ansiosamente por escrevê-la... e aguardarei até outubro.
Acontece que este foi um texto que nunca escrevi... Agora me pego aqui, lembrando disso, me despedindo desta idade que me passou sem que eu me desse muita conta. Me pego aqui, cara a cara com os meus 21 anos, uma idade que não me despertou tanto sofimento antecipado, uma idade de que ainda não me dei conta direito (nem parece que é meu aniversário), mas principalmente: uma idade que chegou. E uma idade que vem carregada de desafios.

sábado, 15 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Complexidade # 32


Esta é uma carta que eu não gostaria de escrever. Se escrevesse - como estou escrevendo agora - é certo que não a enviaria. Apenas me serviria - como está me servindo agora - para expressar um desabafo, e para ser uma tentativa de organização dessa loucura que está a minha cabeça por esses dias. Especialmente com relação a você.

Andei pensando muito em mim, pensando em como as coisas estão acontecendo, e foi quando me dei conta de que voltei àquelas minhas fases de excesso de coisa acontecendo, aquelas fases em que tudo o que eu quero é um lugar pra onde fugir.

Ou para dizer melhor: tudo o que quero, com toda força, com quase desespero, é uma pessoa para quem fugir...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

haicai #2


caminho triste na rua de tarde
olha lá a fulô caindo
e eu   c
               a
                    i
                       n
                           d
                                o   junto...

haicai #1



beija-flor beijando flor tanto carinho...
cadê você que não vem
pra me beijar assim também?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Controle e Controvérsia :: Parte Final

Da série de contos Diários em terceira pessoa
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.
***
Se você não sabe como essa história começou, leia a parte I e a parte II antes de prosseguir por aqui...


Ele simplesmente gelou. Ficou parado, como se as coisas ao redor sumissem e só fosse realmente importante tentar entender o que estava acontecendo. Tudo muito rápido. Tudo tão ao mesmo tempo que ele não conseguiu raciocinar que, pela primeira vez em toda a sua vida, um de seus sentimentos mudara antes do fim do dia: de saudade, passou a sentir uma decepção doída, profunda, que machucava... sentiu o gosto desagradável daquilo tudo, ainda com o olhar fixo naquela cena, por um tempo que deve ter sido longo de fato - e mesmo que não tivesse, na hora lhe pareceu quase eterno...


domingo, 2 de outubro de 2011

Controle e Controvérsia :: Parte II

Da série de contos Diários em terceira pessoa
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.

***
Se você não sabe como essa história começou, leia a parte I antes de prosseguir por aqui...


Manhã seguinte, acordou com barulho de chuveiro, misturado a uma voz desafinada que cantava alto: seu companheiro tomava banho... Levou um tempo a acostumar-se com a luz que invadia o quarto, ao mesmo tempo em que tentava organizar no pensamento as coisas que haviam acontecido na noite anterior... Ia se dando conta de que nunca antes tinha encontrado alguém com quem pudesse compartilhar ao mesmo tempo tanto calor e tanto cuidado. Bom o papo, bom o sexo; bom o carinho, boa a pegada... E foi então tomado por uma sensação incontrolável de euforia, de animação, de sorriso...


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Controle e Controvérsia :: Parte I

Da série de contos "Diários em terceira pessoa"
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.


Algumas pessoas diziam que ele tinha poderes mágicos. Uns achavam maravilhoso o seu "dom", outros achavam tudo um completo absurdo; uns morriam de inveja, outros diziam que aquilo não era nada demais; uns o admiravam por completo, outros o repudiavam com toda força que pudessem. Ele nem sempre entendia bem o que era tudo aquilo, e era tudo tão normal, tão natural na sua rotina que ele simplesmente não se incomodava...

Mas a verdade é ninguém conseguia ficar indiferente àquele garoto. Todos, todas sabiam que ele tinha algo de diferente, intrigante...

Ele dominava quase que completamente os "alvos" dos seus sentimentos...

sábado, 24 de setembro de 2011

Para dias de Cloe...



Não quero, Cloe, teu amor que oprime
Porque me exige amor. Quero ser livre.

A 'sperança é um dever do sentimento.

Ricardo Reis


"Tapa" poético para ser lembrado em dias como este,
quando, sem querer, estou assim, meio Cloe.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Complexidade # 31



Tudo de uma vez só.
Eu que sempre elogiei os sentimentos efêmeros, estive assim ultimamente. Efêmero.
E intenso - porque a efemeridade só se justifica quando intensa.
Sentimentos curtos só fazem sentido quando vêm fortes.

E tudo veio muito forte estes dias.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Complexidade # 30



Quantos textos mais escreverei reclamando da minha mania de tentar decifrar sinais que nem sei se são sinais?
Tenho muito medo dessa minha insegurança. E dá medo do medo que dá.

"Existem duas energias muito poderosas mexendo com seu coração: uma que mostra a necessidade e outra que assusta e impede pela falta de realidade."

É, eu ainda leio horóscopos...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Roda

' Da série de contos "Diários em terceira pessoa"
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.



Há alguma maneira de não ser sentimental, quando ainda se está meio embriagado pelo beijo bom de uma boa companhia? Porque era mais ou menos assim que ele se sentia, no meio daquela loucura toda que, como diria uma amiga, parecia certa demais para ser apenas uma coincidência....

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Jesus e a moça, a cocada e o samaritano...

'

Ele ia passeando tranquilamente olhando espantado o movimento sempre desordenado da Avenida Paulista. Jesus meio que gostava de passear por ali, de vez em quando. Não era bem o seu lugar, Ele sabia. Era todo um movimento alucinado de gente que passava a toda hora sem sequer se olhar. Ele gostava mais de dar uma volta na favela, principalmente porque a vendedora de cocada da esquina (uma senhora negra, gordinha e de sorriso alegre) lhe lembrava muito a sua mãe... e sempre o cumprimentava: "Quer cocada, Senhor?". Ele comia, de vez em quando. Não sempre, que côco lhe fazia pigarrear, coçando a garganta. Mas a alegria da mulher, e o gosto de amor na cocada eram tão fortes, lembravam tanto a humildade da pacata Jerusalém em que Ele crescera, que Ele comia, de vez em quando. E se sentia feliz.

Mas naquele dia Ele tinha ido passear na Paulista...


domingo, 22 de maio de 2011

Ontem, pela primeira vez, eu de fato quis...

"




- Eu te amo.
- E por que você me ama?
- Porque você é meu. Te amo porque você precisa de amor. Eu te amo porque quando você me olha eu me sinto um heroi. Sempre foi assim. Eu te amo porque quando eu te toco eu me sinto mais homem do que qualquer outro.

- Também te amo.
- E por que você também me ama?
- Eu te amo porque quando eu te toco eu te faço se sentir mais homem do que qualquer outro. Eu te amo porque nunca poderão nos acusar de amor. Eu te amo porque para entender o nosso amor ia ser preciso virar o mundo de cabeça pra baixo. Eu te amo porque você poderia amar qualquer outra pessoa no mundo. Mas mesmo assim você me ama. E só a mim.
- Só... só você...


Trecho do filme Do Começo ao Fim...
e ontem, pela primeira vez, eu de fato quis... quis dizer...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Complexidade # 29




Há tempos preciso escrever.
Milhões de coisas têm invadido a cabeça, em surtos e crises poéticas repentinas, mas quando, enfim, resolvo pegar papel e caneta, a ideia já foi (não como se fosse completamente autônoma, em forma de inspiração, e fugisse, mas como algo que acaba irrelevante e sem espaço na minha cabeça super disputada por milhões de ocupações e coisas para pensar, coisas certamente mais importantes do que qualquer devaneio em papel de caderno).

Não tenho tido tempo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Portão

'

As coisas passam lentas,
Mas de repente,
O momento bom acabou:
Você apareceu e já foi embora,
Chegou tão perto
E nem me viu...
O meu "olá!" ansioso pula dos lábios
Pedindo o teu sorriso educado
O sorriso que talvez seja essa coisa que procuro em você,
Pra tentar entender por que a tua imagem vai martelar tanto hoje,
Como tem persistido todo dia,
No querer singelo com que te desejo...
Te quero como meu brinquedo.
Ter-te todo, inteiro, meu,
De um jeito impossível
Pra te cobrir de todos os desejos e cuidados e carinhos
Que o teu olhar pede...
Te quero como meu par...
Andar contigo, dormir contigo, comer contigo,
Sonhar contigo um sonho só...
Conto de fadas avesso que crio na minha cabeça,
Depois de falar mal de todas as fantasias...
Te quero com um cuidado que me seca a garganta,
Uma ânsia que não se traduz,
Porque não é só o suor frio e os versos corridos,
Mas um outro balançar lá dentro
Que talvez provoque tudo isso,
Que me desconcerta de todo,
Só por ver teu rosto quase adolescente...
Só por ver teu corpo...
Só por sentir essa beleza que me cativa de um jeito a criar versos...
Incomodados e doces,
Versos desconcertados,
sublimes e agitados,
Frutos de um ferver esquisito,
Cheio de facetas aqui, no peito...
Facetas talvez inexpressíveis em caneta,
Mas intensas ao ponto de ser necessário controlar cada ímpeto de te pegar pra mim,
Realizar todos os desejos insanos e singelos,
E depois fazer vigília,
Para que nada atrapalhe o sono desse meu menino...

...